segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CAMILO BOITO (1836-1914)


Arquiteto, escritor e crítico de arte italiano. Como arquiteto atuou com projetos e principalmente na área a restauração de monumenos. Legitimou a restauração ao estabelece ao estabelecer a necessidade de evitar a destruição e evitar o falso histórico. Criador da corrente científica em restauração.

“...Mas o curioso é que nossa sabedoria consiste em compreender e reproduzir todo o passado da arte, e essa virtude nos torna adaptados para completar as obras de todos os séculos passados, as quais nos chegaram mutiladas, alteradas ou arruinadas, a única coisa sábia que, salvo raros casos, nos resta a fazer é deixa-las em paz, ou libertá-las das más restaurações.”

Uma coisa é conservar, outra é restaurar, o meu discurso é dirigido não aos conservadores, mas sim aos restauradores, homens quase sempre supérfluos e perigosos. Não se pode chamar de restauração a qualquer operação que busca apenas a sua conservação material.”

TEORIA GERAL PARA A ESCULTURA: (hoje não se aceitaria mais essa teoria)

Restaurações, de modo algum;

Jogar fora imediatamente, sem remissão, todas aquelas que foram feitas até agora, recentes ou antigas.

No caso da pintura se têm controvérsias, é necessário confessar que muitos são falsificadores e ignorantes. “Confesso que temo a ambição do sábio, mas temo mais ainda a ambição do ignorante: não basta, infelizmente, o não saber para não fazer.”

Teoria geral para a pintura: Contentar-se com o menos possível.

Em nenhum campo é tão difícil operar e tão fácil refletir quanto à restauração de monumentos arquitetônicos. (neste campo sua posição é parecida com a de Ruskin, ele prefere deixar morrer a correr o rico de destruir)

Em 1882, 50 pintores, escultores e arquitetos fizeram uma adesão formal sobre o "Futuro dos Monumentos em Veneza", no qual eles diziam que restaurar era destruir, pois restaurar significava colocar uma mentira no lugar, e era melhor destruí-la à não ter a obra verdadeira.

Mérimée, secretário de uma Comissão eleita para classificar e conservar os monumentos franceses, em 1837, falava que o primeiro princípio da restauração é: não inovar, mesmo quando a inovação seja motivada pela intenção de completar ou embelezar, porque os desvios e imperfeições são fatos históricos, não deve haver acréscimos nem supressões.

Teoria geral para monumentos arquitetônicos:

é necessário fazer o impossível para conservar no monumento o seu velho aspecto artístico e pitoresco; é necessário que os completamentos, se indispensáveis, e as adições, se não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras de hoje.

Boito termina sua fala demonstrando uma preocupação: "Temos pouco com que nos alegrar....pensando nos inumeráveis objetos belos de todas as espécies e de todos os tempos, que a velha Itália soube realizar, e que hoje a nova sabe vender.".

Conceitos e princípios

Várias noções foram conjugadas para estabelecer as teorias da restauração:

• o respeito pela matéria original,
• a idéia de reversibilidade e distinguibilidade,
• a importância da documentação e de uma metodologia científica,
• o interesse por aspectos consertativos e de mínima intervenção,
• a noção de ruptura entre passado e presente.

Foram enunciados sete princípios fundamentais da restauração:

• ênfase no valor documental dos monumentos;
• evitar acréscimos e renovações que, se fossem necessários, deveriam ter caráter diverso do original, mas não poderiam destoar do conjunto;
• complementos de partes deterioradas ou faltantes deveriam, mesmo se seguissem a forma primitiva, ser de material diverso ou ter incisa a data de sua restauração ou, ainda, no caso das restaurações arqueológicas, ter formas simplificadas; as obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente necessário, evitando-se a perda dos elementos característicos ou, mesmo, pitorescos;
• respeitar as várias fases do monumento, sendo a remoção de elementos somente admitida se tivessem qualidade artística manifestamente inferior à do edifício;
• registrar obras, apontando-se a utilidade da fotografia para documentar a fase antes, durante e depois da intervenção, devendo o material ser acompanhado de descrições e justificativas e encaminhado ao Ministério da Educação;
• colocar uma lápide com inscrições para apontar a data e as obras de restauro realizadas.

Diretrizes de Camillo Boito para o restauro:

Da escultura:

• Restaurações, de modo algum;
• Jogar fora imediatamente, sem remissão, todas aquelas que foram feitas até agora, recentes ou antigas.

Da a pintura:

Contentar-se com o menos possível.

Dos monumentos arquitetônicos:

• é necessário fazer o impossível para conservar no monumento o seu velho aspecto artístico e pitoresco;
• é necessário que os completamentos, se indispensáveis, e as adições, se não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras de hoje.

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