quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

HISTÓRIA DO BALLET

nesta matéria vamos descobrir como ele sur­giu den­tro das grandes cor­tes, chegando nos pal­cos e tornando-se "idenpendente" por toda a dramaturgia envolvendo um espetáculo.

Partindo deste pressuposto, procuramos enteder O que é um bal­let? e de fato Ballet é: "um espe­tá­culo, com con­teúdo dra­má­tico, cuja trans­mis­são é feita prin­ci­pal­mente atra­vés de ele­men­tos de dança e mímica, pre­vi­a­mente cri­a­dos e ensai­a­dos por um “autor-coreógrafo”, com música e décor dire­ta­mente rela­ci­o­na­dos ao con­teúdo dramático.

abaixo todo o aparato histórico do Ballet:

Ballet Séc. XV — XVI

O bal­let sur­giu como espe­tá­cu­los sole­nes durante o período renas­cen­tista. Eram espe­tá­cu­los apre­sen­ta­dos em fes­tas aris­to­crá­ti­cas, onde músi­cos e bai­la­ri­nos da corte cola­bo­ra­vam para criar entre­te­ni­mento para a nobreza. A core­o­gra­fia era adap­tada nos pas­sos das dan­ças nobres, os dan­ça­ri­nos vestiam-se da roupa da moda e, ao fim, era comum o “público” entrar na dança.


O iní­cio his­tó­rico do bal­let é, geral­mente, datado de 1581. No dia 15 de Outubro daquele ano, na sala Le Petit-Bourbon, em Paris, foi apre­sen­tado “Le bal­let Comique de la Reine” – (O Balé Cômico da Rainha), sendo que na lin­gua­gem tea­tral da época, cômico que­ria dizer “dramático”.

Com core­o­gra­fia de Balthazar de Beaujoyeulx, música ins­tru­men­tal de Lambert de Beaulieu e François Cajetan, música vocal de Jacques Salmon, décors (cená­rio e figu­ri­nos) de Jacques Patin e texto de La Chesnaye; o bal­let durava mais de 5 horas e fazia parte das come­mo­ra­ções do casa­mento de Marguerite de Vaudemont com o Duque Anne (nome mas­cu­lino) Joyeuse. Ela era irmã da então rai­nha da França, Louise de Lorraine. Além de dan­ças, músi­cas e dra­ma­tur­gia, esse espe­tá­culo tinha falas.

Este é con­si­de­rado o pri­meiro espe­tá­culo de bal­let da his­tó­ria, o espe­tá­culo que deu iní­cio ao Ballet de Corte. Mas e antes? Que fatos exis­tem que são rele­van­tes para a his­tó­ria da dança?
Os mais impor­tan­tes aper­fei­ço­a­men­tos na arte da dança naquele período ocor­re­ram nas cor­tes da Itália. Podemos citar três espe­tá­cu­los, ante­ri­o­res ao “Ballet Comique de la Reine” que for­mam o pro­tó­tipo do bal­let atual. O segundo deles, inclu­sive, já apre­sen­tava todos os ele­men­tos cita­dos acima, como sendo carac­te­rís­tica de um ballet.

Em 1473, em Roma, Pietro Riario orga­ni­zou o “Baile de Hércules”, que entrou em par­tes no grande espe­tá­culo “Triunfo romano de Eleonora d’Aragona”. Em “Baile de Hércules” exis­tiam várias dan­ças mou­ris­cas em um tempo muito rápido, que car­re­ga­vam grande efeito dramático.

Em Tortona (tam­bém na Itália), no ano de 1489, Bergonzio di Botta orga­ni­zou uma festa core­o­grá­fica para come­mo­rar o casa­mento do gover­na­dor de Milão, Gian Galeazzo Sforza, com Isabella de Nápoles. Uma dança de nome Entrée dava ini­cio a cada parte da festa e, enquanto os con­vi­da­dos fes­te­ja­vam, era apre­sen­tada uma série de cenas core­o­grá­fi­cas, cujo tema era rela­ci­o­nado ao motivo da come­mo­ra­ção: a gló­ria do amor con­ju­gal. Por con­ter todas essas carac­te­rís­ti­cas, alguns con­si­de­ram este como sendo o pri­meiro espe­tá­culo de bal­let da história.

Em 1496, em Milão, Ludovico Sforza (il Moro), tio de Gian Galeazzo, abriu a festa “Paraíso” – grande apre­sen­ta­ção com ele­men­tos de dra­ma­tur­gia, canto e dança. Todo o figu­rino e cons­tru­ção de impres­si­o­nan­tes meca­nis­mos cêni­cos foram fei­tos por, nada mais, nada menos, que Leonardo da Vinci.

Poucos são os nomes do Séc. XV conhe­ci­dos hoje, que podem ser con­si­de­ra­dos pro­fis­si­o­nais da área. Só conhe­ce­mos àque­les que escre­ve­ram sobre a dança, sobre­tudo Domenico de Piacenza, que é con­si­de­rado o pri­meiro teó­rico da dança. Ele ensi­nava dança aos nobres e escre­veu o livro: “De arte sal­tandi et cho­reus ducendi” (Sobre a arte da dança e con­du­ção de dan­ças), onde optou pelo termo Ballo ao invés de danza. Por essa razão as suas dan­ças fica­ram conhe­ci­das como Balletti, e é pos­sí­vel que a esco­lha da pala­vra, feita por Domenico, levou ao sen­tido da pala­vra “bal­let” como a conhe­ce­mos hoje.

Em 1533, a aris­to­crata ita­li­ana Caterina de Medici casou-se com o prín­cipe her­deiro da França, Henri II. Ela era muito inte­res­sada em artes e levou esse inte­resse para Paris. Medici, den­tre outras coi­sas, finan­ciou e orga­ni­zou fes­tas com apre­sen­ta­ções, que tinham como tema os inte­res­ses polí­ti­cos do reino, como em “Le Ballet des Polonais” (O Ballet Polonês), mon­tado por motivo da visita dos embai­xa­do­res polo­ne­ses em 1573, e tinham tam­bém apre­sen­ta­ções com temas mitológicos.

No mesmo ano em que ocor­reu o “Ballet Comique de la Reine”, 1581, foi publi­cado por Fabritio Caroso o livro “Il Bailarino”, um manual téc­nico das dan­ças da aris­to­cra­cia, tanto as soci­ais quanto as de espe­tá­culo, fazendo da Itália ponto de refe­rên­cia no desen­vol­vi­mento da téc­nica da dança.

Em 1580–1585, foi cons­truído o pri­meiro tea­tro com pros­cê­nio do mundo, o Teatro Olímpico de Veneza.

Em 1588 apa­rece o pri­meiro livro fran­cês sobre dança: “Orchésographie”, de Thoinot Arbeau. Nele apa­rece a des­cri­ção da posi­ção virada para fora, o que cha­ma­mos hoje, sim­ples­mente, de “en dehors”.

Ballet Séc. XVII
O bal­let foi se aper­fei­ço­ando e sendo tra­ba­lhado como uma forma inde­pen­dente de arte durante o rei­nado de Luís XIV (1643–1715), na França. O rei tinha uma grande pai­xão pela dança, pai­xão esta que era for­te­mente apoi­ada pelo Cardeal Mazzarino, res­pon­sá­vel pelo début do rei na arte da dança e pela ida do ita­li­ano Jean-Baptist Lully (Giovanni Baptista Lully) para a França, em 1652.


Lully tornou-se um dos bai­la­ri­nos pre­di­le­tos do rei e compôs alguns bal­lets para ele, den­tre os quais, em 1653, o “Ballet Noturno da Realeza”, onde o rei apa­re­cia no papel da luz que bri­lha, ilu­mi­nando e fer­ti­li­zando a terra, ganhando assim o seu codi­nome de “Rei do Sol”. Essa, e outras várias apre­sen­ta­ções desse tipo, fei­tas pelo rei Luís XIV, pas­sa­ram a cha­mar a aten­ção para papéis secun­dá­rios e para papéis negativos.

Lully tinha um grande conhe­ci­mento de música, que asso­ci­ado à sua com­pre­en­são sobre dança e movi­mento, o per­mi­tia com­por espe­ci­al­mente para a dança, repre­sen­tando as nuan­ças do movi­mento nos toques/acordes musicais.

O bal­let foi se aper­fei­ço­ando e, pouco a pouco, foi ficando menos falado e mais dan­çado. Na década de 60 do século XVII, as apre­sen­ta­ções de bal­let come­çam a sair dos palá­cios e ganhar os tea­tros, ficando aces­sí­veis para os ricos em geral, não ape­nas da aris­to­cra­cia. Foi quando come­çou a sur­gir um tea­tro profissional.

Em 1661 Louis XIV orde­nou a ins­ta­la­ção da pri­meira escola de dança do mundo, a Académie Royale de Danse, que ficava em um dos cômo­dos do Louvre.

Pierre Beauchamp, pro­fes­sor de dança do rei, tam­bém dan­ça­rino e coreó­grafo da corte, foi nome­ado Intendant de bal­lets du roi. Ele come­çou a criar a ter­mi­no­lo­gia da dança que uti­li­za­mos até hoje. Os escri­tos mais anti­gos, que falam das cinco posi­ções da dança, encontram-se nos seus trabalhos.

Em 1669 é fun­dada a Académie Royale de Musique, com Lully na sua dire­ção. Ele uniu drama e música, ele­men­tos da dança ita­li­ana e fran­cesa, colo­cando o bal­let nos tri­lhos do que ele é hoje. Em cola­bo­ra­ção com o escri­tor fran­cês Moliére, o gênero ita­li­ano com­me­dia dell’arte foi modi­fi­cado ao gosto fran­cês e deu ori­gem à comédie-ballet.

Em 1672, Lully cria uma aca­de­mia de dança den­tro da Académie Royale de Musique, que existe até hoje como o Ballet da Ópera de Paris. A mais antiga com­pa­nhia pro­fis­si­o­nal de dança do mundo.

Em 1681, Lully apre­sen­tou Le Triumphe de l’Amour, onde colo­cou em cena qua­tro mulhe­res, den­tre as quais estava Mademoiselle de LaFontaine, a pri­meira mulher a dan­çar profissionalmente.

Ballet Séc. XVIII
No ano de 1700 foi publi­cado o livro “Choréographie, ou l’art de décrire la danse” da auto­ria de Raoul Auger Feuillet. O livro des­cre­via as dan­ças cêni­cas e de bai­les. Termos como cabri­ole, chassé, entre­chat, jeté, pirou­ette e sis­sone já eram utilizados.

Na época, os dan­ça­ri­nos fran­ce­ses se des­ta­ca­vam pela ele­gân­cia, enquanto os ita­li­a­nos pelos movi­men­tos acro­bá­ti­cos. Nas óperas, a dança na França con­ti­nu­ava o enredo dra­má­tico, enquanto na Itália, essas par­tes dan­çan­tes não pas­sa­vam de um des­canso entre as par­tes cantadas.

A França sem­pre foi dita­dora de moda, imi­tada pelas outras cor­tes da Europa, assim, em 1738, a con­vite da Imperatriz Anna Ivanovna, Jean-Baptiste Landé esta­be­lece a Escola Imperial de Ballet de São Petersburgo, Rússia, a segunda escola de bal­let do mundo. Essa escola existe até hoje com o nome de: Academia Russa de Ballet – A.I.Vaganova.

Na segunda metade do Século XVIII, o bal­let passa a ser visto como um gênero dra­má­tico sério, uma forma de arte capaz de ser inde­pen­dente da ópera. Os res­pon­sá­veis por essa mudança foram o inglês John Weaver, o ita­li­ano Gaspero Angiolini e, prin­ci­pal­mente, o fran­cês Jean-Georges Noverre, cujo ani­ver­sá­rio – 29 de Abril (1727) é cele­brado hoje como o Dia Internacional da Dança. Essa revo­lu­ção foi a cri­a­ção do bal­let sem falas, ou bal­let d’action.

Em 1760, Noverre publi­cou o livro Lettres sur la danse, que focou no desen­vol­vi­mento deste tipo de bal­let, onde os movi­men­tos dos dan­ça­ri­nos eram cri­a­dos para expres­sar carac­te­rís­ti­cas e desen­vol­ver a dra­ma­tur­gia, fazendo bas­tante uso da pantomima.

A par­tir das influên­cias tra­zi­das pelas teo­rias de Noverre, em 1772 Maximilien Gardel deixa a más­cara de lado, Salvatore Vigano deixa os cos­tu­mes femi­ni­nos mais leves e um sapato macio e fle­xí­vel para ambos os sexos, e em 1790 o sapato de salto para de ser uti­li­zado nos ballets.

Em 1783, Ekatarina II funda o Teatro Imperial de Ópera e Ballet de São Petersburgo.
Compositores como Christoph Gluck fize­ram algu­mas modi­fi­ca­ções nas músi­cas para os bal­lets, o que por fim divi­diu o bal­let em três téc­ni­cas for­mais: Sérieux, demi-caractère e comi­que.

Ballet Séc. XIX
No iní­cio do século seguinte, Carlo Blasis, aluno de Vigano, con­ti­nua a ensi­nar a gera­ção seguinte de bai­la­ri­nos. Ele codi­fi­cou o bal­let para os mol­des bási­cos de como o conhe­ce­mos hoje, com o “Tratado ele­men­tar da teo­ria e prá­tica da arte da dança” de 1820, e o “Código de Terpsichore”  de 1830.

Nessa época as mulhe­res come­ça­ram a se des­ta­car nos bal­lets, e a téc­nica de dança na ponta dos dedos come­çou a ser explo­rada. A pri­meira ima­gem de uma bai­la­rina nas pon­tas é da bai­la­rina fran­cesa Fanny Bias, datada de 1821, e é pos­sí­vel que Geneviève Gosselin já dan­çava nas pon­tas em 1815. Tradicionalmente, a bai­la­rina Maria Taglioni é vista como a pri­meira bai­la­rina a dan­çar nas pon­tas; antes dela, subir nas pon­tas era ape­nas um “tru­que”, mas para ela, as pon­tas era um meio de expres­são artística.

Em res­posta às mudan­ças soci­ais decor­ren­tes das revo­lu­ções indus­tri­ais no século XIX, veio o movi­mento Romântico nas artes. Os bal­lets repre­sen­ta­vam fan­ta­sias leves e deli­ca­das, base­a­das em len­das fol­cló­ri­cas. As mulhe­res eram seres ine­xis­ten­tes que podiam ser ergui­dos sem qual­quer difi­cul­dade, seus figu­ri­nos, de cores em tons pas­tel e com uma pequena saia que pai­rava ao redor das pernas.

Foi durante o período Romântico que, além dos temas fol­cló­ri­cos, come­çou a ser explo­rada a ideia de cul­tu­ras étni­cas diver­sas nos espe­tá­cu­los, ou pelo menos, na forma como os euro­peus oci­den­tais enxer­ga­vam as cul­tu­ras da África, Ásia e do Oriente Médio. Os vilões eram, geral­mente, não-europeus.

Em 1832 Filippo Taglioni, pai de Maria Taglioni, cria o bal­let La Sylphide para sua filha. Esse bal­let foi res­pon­sá­vel por uma mudança na temá­tica, estilo, téc­nica e figu­ri­nos no bal­let. Um ser sobre­na­tu­ral, amado por um homem, a dança nas pon­tas e a saia leve.


Em 1841, com core­o­gra­fia de Jean Coralli e Jules Perrot, na música de Adolf Adam, estreia em Paris “Giselle”. Nele era apre­sen­tado os con­tras­tan­tes mun­dos: real e sobre­na­tu­ral. No segundo ato, os espí­ri­tos, cha­ma­dos de “wil­lis”, se apre­sen­ta­vam com as saias bran­cas, popu­la­ri­za­das por “La sylphide”.

Com o aper­fei­ço­a­mento das dan­ças nas pon­tas, as mulhe­res come­ça­ram a ficar mais popu­la­res do que os homens nos paí­ses do oci­dente euro­peu. Mas na Rússia e Dinamarca, paí­ses onde o bal­let ainda era sus­ten­tado pelos palá­cios reais, os homens cres­ciam junto com as mulhe­res, gra­ças a Auguste Bournonville, Jules Perrot, Arthut Saint-Léon, Enrico Cecchetti, Marius Petipa e Crhistian Johansson.

O período clás­sico do bal­let pode come­çar a ser tra­çado em 1862, quando Petipa, ainda bai­la­rino prin­ci­pal do Ballet Imperial Russo, cria seu pri­meiro bal­let em mais de um ato: “A Filha do Faraó”. Uma fan­ta­sia sur­real com temá­tica egíp­cia, com múmias que ganha­vam vida e cobras venenosas.

Em 1869, Marius Petipa monta Don Quixote em Moscou, na música de Ludwig Minkus. Sete anos mais tarde, 1877, em São Petersburgo, Petita cria La Bayadére, com música tam­bém de Minkus, e a sua pri­meira ver­são do “Lago dos Cisnes”, com música de Piotr Tchaikovsky.
A par­ce­ria Petipa-Tchaikovsky ren­deu ao mundo três obras pri­mas do bal­let; “O Lago dos Cisnes”, que teve sua ver­são final apre­sen­tada em 1895, “A Bela Adormecida” – 1890 e, em 1892, junto com o tam­bém coreó­grafo Lev Ivanov – “O Quebra-Nozes”. Todos esses tra­ba­lhos são base­a­dos no fol­clore Europeu. Em 1898, em par­ce­ria com Aleksandr Glazunov, nasce o bal­let Raymonda.

Nos anos 90 do séc. XIX apa­re­ce­ram três pes­soas que, simul­ta­ne­a­mente, deram um novo inte­resse para o bal­let na Europa e América: Enrico Cecchetti, Sergey Diaghilev e Agrippina Vaganova.

Ballet Séc. XX – dias atuais

No iní­cio do século 20, as pes­soas come­ça­ram as se can­sar das ideias e prin­cí­pios do bal­let, con­forme Petipa, e bus­ca­vam novas ideias. O bal­let russo, nessa altura, já era mais famoso que o fran­cês e alguns bai­la­ri­nos já tinham fama inter­na­ci­o­nal, a mais famosa daquele período, pro­va­vel­mente, era Anna Pavlova.

Em 1909, Sergey Diaghilev traz o bal­let de volta para Paris, fun­dando a sua com­pa­nhia Ballets Russes. Faziam parte dela – Anna Pavlova, Tamara Karsavina, Adolph Bolm, Vitslav (Vaslav) Nijinsky, Vera Karalli. Mais tarde entra­riam: George Balanchine, Leonid Massine, Mikhail Fokin e Serge Lifar.

A estreia foi em 19 de Maio e obteve enorme êxito, prin­ci­pal­mente os homens, já que naquela época, bons bai­la­ri­nos homens tinham pra­ti­ca­mente desa­pa­re­cido dos pal­cos fran­ce­ses. Após a revo­lu­ção russa de 1917, a com­pa­nhia pas­sou a ser de emi­gran­tes e Diaghilev foi proi­bido de retor­nar para a Rússia.

Ballets Russes se apre­sen­tava, na maior parte, na Europa oci­den­tal, América do norte e sul. Eles esti­ve­ram em tem­po­rada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro entre 17 de Outubro e 1º de Novembro de 1913, e em 1917.

Anna Pavlova, que saiu do Ballet Russes um ano após a sua cri­a­ção, fun­dou sua pró­pria com­pa­nhia sedi­ada em Londres e veio ao Brasil em 1918, 1919 e em 1928.

Diaghilev começa uma par­ce­ria com o com­po­si­tor Igor Stravinsky, de onde sur­gi­ram qua­tro obras pri­mas: O Pássaro de Fogo (1910), Petrouchka (1911) – ambos com core­o­gra­fia de Mikhail Fokin, A Sagração da Primavera (1913), core­o­gra­fia de Nijinsky, e Pulcinella (1920), com core­o­gra­fia de Leonid Massine. Com exce­ção do último, são todos base­a­dos no fol­clore russo. A com­pa­nhia exis­tiu até a morte do seu fun­da­dor, em 1929.


O ita­li­ano Enrico Cecchetti, após glo­ri­osa car­reira como pro­fes­sor e bai­la­rino na Rússia, foi o pro­fes­sor prin­ci­pal do Ballet Russes de 1910 até 1921. Em 1918 ele abriu sua escola em Londres e em 1923 retor­nou para a Itália, se tor­nando dire­tor da escola de bai­la­dos do Teatro La Scala. O crí­tico de bal­let Cyril Beaumont estu­dou o método Cechetti e, junto com Stanislas Idzikowsly, sin­te­ti­zou esse método no livro “Teoria e Prática da dança clás­sica tea­tral” (1922).

Vaganova foi aluna de Cecchetti e Petipa. Nos anos 20 e 30 do século XX, pas­sou a tra­ba­lhar um método pró­prio de ensino da dança clás­sica, mes­clando os conhe­ci­men­tos dos seus mes­tres, redigindo-o no livro “Fundamentos da Dança Clássica”. Em 1935, seguindo ordens gover­na­men­tais, Vaganova modi­fi­cou o final trá­gico do Lago dos Cisnes por um sublime.

A pres­são ide­o­ló­gica daque­les anos levou para a cri­a­ção de bal­lets com rea­lismo sovié­tico, den­tre eles pode­mos citar: Romeo e Julieta, com música de Prokofiev e core­o­gra­fia de Leonid Lavrovsky, Chamas de Paris, música de Boris Asafyev e core­o­gra­fia de Vasily Nainonen, A Fonte Bakhchisarai, música de Asafiev e core­o­gra­fia de Rostislav Zakhazrov, e Cinderela, música de Prokofiev e core­o­gra­fia de Zakharov.

Em 1933, pouco após a morte de Diagilev, Lincoln Kirstein con­vida Balanchine para abrir uma escola de bal­let nos Estados Unidos, essa escola deu ori­gem à “Escola de Ballet Americano” de Nova York.

Muitos con­si­de­ram Balanchine como sendo o pri­meiro repre­sen­tante do cha­mado “Ballet Neo-clássico”. Um marco impor­tante da his­tó­ria é o seu bal­let Apollo, cri­ado ainda para o Ballet Russses na música de Stravinsky.

Nessa mesma época, em rea­ção aos limi­tes for­mais e seve­ros da dança clás­sica, acen­tu­ando a liber­dade e expres­são dos movi­men­tos, surge uma nova ten­dên­cia da dança, a Moderna. Ela sur­giu simul­ta­ne­a­mente nos Estados Unidos e Alemanha. Os pri­mei­ros gran­des repre­sen­tan­tes foram Loie Fuller, Isadora Duncan e Ruth St. Denis.

O pre­cur­sor dessa ideia de liber­dade em movi­mento pode ser con­si­de­rado o fran­cês Françoise Delsarte, quando, ainda no século XIX, cria a sua teo­ria de rela­ção entre o movi­mento humano e os sen­ti­men­tos: “sen­ti­men­tos e a sua inten­si­dade são a causa do movi­mento e a sua qualidade”.

Outra pes­soa que pro­duz a base ide­o­ló­gica e con­cei­tual da dança moderna é o Húngaro Rudolph Laban. Ele cria um novo sis­tema de aná­lise e escrita de movi­mento, con­si­de­rado o mais com­pleto de todos os tem­pos; a Kynetography, ou Labanotation.

Marta Graham surge com ideias ino­va­do­ras e, em 1926, funda a sua com­pa­nhia, a mais antiga com­pa­nhia de dança dos Estados Unidos. Pode-se dizer, figu­ra­ti­va­mente, que ela é a res­pon­sá­vel por tra­zer a arte da dança para o século XX. Dentre as suas ino­va­ções, a cons­ci­ên­cia de que a res­pi­ra­ção está dire­ta­mente ligada à expres­si­vi­dade do movi­mento e o tra­ba­lho com o chão.  Merce Cunnigham está entre os seus alunos.

Na segunda metade do século XX, a alemã Pina Bausch tam­bém dá novos rumos para a dança, inclu­sive na maneira de criar/coreografar, tirando os movi­men­tos do coti­di­ano da his­tó­ria de vida de cada um dos seus alunos.

Por fim (não refe­rente à cro­no­lo­gia da his­tó­ria), a dança clás­sica e a dança con­tem­po­râ­nea pas­sam a inte­ra­gir. Nomes mar­can­tes que devem ser cita­dos são o de: Jirí Kylián, Mats Ek, William Fosrythe, Nacho Duato e Maurice Béjart.

A his­tó­ria da dança é com­plexa, longa, e em cer­tos pon­tos chega a ser “engra­çada”, pois perío­dos que nor­mal­mente esta­riam dis­tan­tes um do outro acon­te­cem simul­ta­ne­a­mente, e em alguns casos interagem-se. Seria impos­sí­vel escre­ver em deta­lhes, neste texto, todos os perío­dos dessa his­tó­ria. Mantive o foco no obje­tivo dos pró­xi­mos tex­tos, o Ballet de Repertório. Peço des­cul­pas por negli­gen­ciar a his­tó­ria da dança no século XX e, tendo o desejo por parte do lei­tor, seria um pra­zer escre­ver um texto dedi­cado ape­nas à his­tó­ria da dança moderna e contemporânea.