Parecer do júri
O projeto proporciona a recuperação de estruturas históricas através da revitalização de antiga fábrica e a integração do novo complexo da Escola Técnica Navegantes. O autor revela grande habilidade na solução dos espaços e na técnica construtiva, utilizando estruturas metálicas que conferem unicidade, comedimento e unidade formal ao conjunto arquitetônico.
O projeto é apresentado como modelo de ocupação do patrimônio industrial de Porto Alegre através de um conjunto de edificações que se inserem ou complementam o chamado Moinho Riograndense, localizado na região central da cidade.
O moinho, galpões e silo, que configuram o objeto da intervenção, resistem relativamente íntegros no bairro de Navegantes, na área denominada 4º Distrito, embora pressionados pelo crescente adensamento da região envoltória.
A condição preconizada pelo autor é avessa ao que ele cita como apropriação indistinta pela especulação imobiliária, o que equivale a dizer que em seu projeto estão proibidos os termos torrre (verticalização) e desmonte da arquitetura antiga.
O modelo a que se refere o trabalho é o da manutenção das generosas áreas livres e do gabarito predominantemente horizontal, inserindo-se discretamente um programa educacional - escola profissionalizante voltada para a indústria -, comercial e de lazer, que se molda às edificações.
Os materiais usados são fundamentalmente o vidro e o metal (na estrutura e nas vedações semitransparentes - chapa perfurada), tanto no invólucro das salas de aulas, inserido no miolo do antigo galpão, quanto na nova edificação, dedicada ao programa comercial, e no restaurante panorâmico que se planeja implantar sobre a cobertura do volume vertical do silo.
Destaca- se a dispersão desses equipamentos nas margens opostas de uma via pública, o que confere ao conjunto visuais a partir da área livre circundante, e a utilização coesa de materiais como elemento da identidade arquitetônica.
Um projeto maduro, portanto, sob o ponto de vista da apropriação zelosa e contemporânea do patrimônio.
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